quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O trabalho interdisciplinar e intersetorial em situações de violação de direitos de crianças e adolescentes

No dia 22 de julho a equipe do CREAS organizou o seu terceiro seminário no qual, ao todo, três palestras e quatro GT’s versaram sobre "O trabalho interdisciplinar na equipe de referência". O GT do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) debateu sobre o trabalho interdisciplinar em situações de violação de direitos de crianças e adolescentes. Este contou com a presença da palestrante Martha Narvaz, Doutora em Psicologia, especialista na área da dependência química e violência doméstica e teve como facilitadora Oriana Hadler, Mestre em Psicologia Social, docente, atende em curso de formação em Psicodrama, e também fez parte da equipe do CREAS no ano de 2010, além da participação da atual equipe do CREAS.

O GT abordou o trabalho interdisciplinar, a partir dos diferentes olhares sobre o fenômeno e a troca feita dentro da equipe, destacando que cada olhar complementa o outro. Considerou as especificidades da atuação dos profissionais, com papéis e atribuições definidos. Conforme Martha, “não importa do lugar de onde eu venho e sim a que eu venho”. Ou seja, quanto mais horizontalizadas forem as relações da equipe, com todos os trabalhadores vistos como técnicos sociais, cada um desempenhando o seu papel, menores serão as chances de se da equipe reproduzir em suas relações situações de violência com as quais trabalha.

No que se refere à violação de direitos de crianças e adolescentes, o GT a considerou como uma relação abusiva, autoritária, perversa, de exploração da criança e do adolescente, de uso da pessoa para alguma coisa. Enfatizou-se discussão sobre a violência sexual, sobretudo o acompanhamento feito pelo poder judiciário, que comumente requisita ao CREAS pareceres, avaliações, diagnósticos e laudos. Sobre esta demanda, a opinião das palestrantes foi unânime. Ambas sustentaram que os trabalhadores dos CREAS não têm obrigações, nem subsídios, dentro das suas especificidades, para atender a tais solicitações. As palestrantes reafirmaram que os profissionais podem se negar a realizar esses pareceres e que o judiciário para estes casos deve contar com equipe multiprofissional ou contratar peritos. Não é função do CREAS fazer investigação (dizer se houve ou não a situação de abuso).

Foi considerada atribuição do CREAS trabalhar articuladamente com os órgãos da justiça, realizando um trabalho de escuta e acolhimento das famílias. Este, sustentado na ética de resguardo do usuário, do sigilo e da preservação do vínculo. Ressaltando a importância de construção de estratégias junto a própria família, a qual é parte central dessa rede de proteção.

Neste III Seminário, os participantes se animaram com a discussão sobre a elaboração dos relatórios psicossociais. Durante as trocas de experiências, os diferentes modelos de relatórios foram citados pelos participantes, com destaque para as discussões em torno daqueles que mantêm nos relatórios a citação das falas das crianças, usando o “SIC” e daqueles que usam adequar a fala da criança a um vocabulário técnico. Enfim, estas questões ficaram abertas e poderão ser retomadas em outros momentos e espaços de discussão.

No CREAS de São Leopoldo, desde 2009 não são feitas avaliações psicológicas em termos periciais. Houve um diálogo com Juizado da infância e Juventude e Ministério Público e entrega de documento acerca das atribuições do serviço, bem como, de impedimentos éticos para o atendimento de tal solicitação. Se você quiser conhecer este material, entre em contato conosco.

Equipe PAEFI

CREAS/SL

Um comentário:

Lara disse...

Boa Noite CREAS Sao leopoldo, trabalho num CREAS Há 3 anos e gostaria de recebero documento acerca das atribuições do serviço, bem como, de impedimentos éticos para o atendimento de tal solicitação ...desde já agradeço. Meu email:larinhademetryo@hotmail.com