terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cerca de 59% das pessoas em situação de rua são jovens - Estudo da Sacis entrevistou 102 pessoas na cidade e será apresentado nesta sexta.

São Leopoldo | sexta-feira, 17 de setembro de 2010 - 07h45

Cerca de 59% das pessoas em situação de rua são jovens

Estudo da Sacis entrevistou 102 pessoas na cidade e será apresentado nesta sexta.

Sônia Bettinelli e Aline Marques/ Da Redação


São Leopoldo - A maioria dos 102 adultos que vive em situação de rua em São Leopoldo é jovem com até 29 anos, o que representa 59% do total. A faixa etária é duas vezes maior que os 19,7% dos adultos moradores de rua de Porto Alegre e também maior que a estatística nacional, que aponta 16,2% de jovens adultos em situação de rua. Os dados estão no estudo Contorno de Invisíveis, que será apresentado hoje pela equipe do Serviço Especializado em Abordagem Social, durante seminário da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social (Sacis).

Trata-se do primeiro estudo, em São Leopoldo, para identificar a camada da população que está fora das estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo do estudo, de acordo com o titular da Sacis, André Musskopf, é conhecer a realidade, as pessoas e a partir disso elaborar políticas públicas para inclusão e recuperação.

‘‘Tem muito preconceito e muitas ideias equivocadas sobre essa população. A entrevista é fundamental para podermos fazer a intervenção e saber o que oferecer para eles’’, explica o secretário André Musskopf.

‘‘Quero minha vida de volta’’

A respiração ofegante, a tosse e a dor nos pulmões acompanham um jovem de 23 anos - que há três vive nas ruas de São Leopoldo. Mas ele tem um sonho: voltar à vida que tinha antes. ‘‘Estudei até a 6ª série, quero estudar, trabalhar e ter onde descansar. A pior coisa que fiz comigo foi experimentar as drogas. Em casa não me querem mais’’, disse revelando a saudade da família, principalmente da mãe. Para viver cuida de carros e recebe ajuda de algumas pessoas. A vida na rua é difícil, conta. Dorme em um banco de concreto e os poucos pertences que têm servem de travesseiro e coberta. Quando chove vai para a marquise do trem. ‘’Tá difícil ficar aqui, tenho muita dor e me sinto sozinho, na rua não existe amizade, amigo é só a família’’, fala. Alex diz que se sente cansado e que tem aparência de 50 anos.

‘‘Troca de ideias é objetivo de seminário‘‘

De acordo com André Musskopf, a divulgação do estudo é uma das etapas do 2.º Seminário do Centro de Referência Social (Creas) de São Leopoldo, das 8 às 18 horas, na Antiga Sede da Unisinos. O tema do encontro é Vínculos como possibilidade de intervenção. A proposta é um diálogo entre psicologia, educação social, direito e serviço social e troca de experiências com outros Creas do Estado que estarão no encontro. ‘‘O estudo é a etapa fundamental para saber o que oferecer e como ajudar essas pessoas’’, destaca o secretário.

‘‘Aproximação gera confiança‘‘

O educador social e sociólogo, Binô Zwetsch, 26 anos, é um dos responsáveis pelo estudo. Diariamente ele tem contato com os moradores em situação de rua. ‘‘Como a maioria das pessoas não olha para eles, quando nos aproximamos (desde o início) para conversar, ganhamos a confiança. O questionário de 65 perguntas foi respondido durante as conversas. Das 102 pessoas identificadas como adultos em situação de rua, só dois não quiseram participar’’, conta Binô. Sobre as histórias de vida, o educador diz que são muitas. ‘‘O estudo não buscou a motivação que os colocou em situação de rua. A proposta é saber as expectativas e perspectivas para a elaboração das políticas.’’

Fonte: http://www.jornalvs.com.br/site/noticias/cidadesregiao,canal-8,ed-240,ct-572,cd-282606,midia-,gal-.htm

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