terça-feira, 27 de setembro de 2011
Workshop: Entre o céu aberto e o cimento cru
domingo, 25 de setembro de 2011
A psicologia na assistência social: O lugar de uma possível clínica inter(trans)disciplinar
Kellen Sodre Machado - Estagiaria de Psicologia CREAS SL
Iniciando minhas experiências no campo da psicologia, atuando no Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida - LA, e de Prestação de Serviços à Comunidade – PSC (MSE), executado pelo CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social de São Leopoldo, venho desempenhando atividades bastante diversificadas, como atendimentos individuais aos adolescentes atendidos pelo serviço e seus familiares, entrevistas de acolhida, participação nas oficinas socioeducativas, visitas domiciliares, participação em reuniões de equipe e de rede, entre outras atividades relacionadas ao serviço.
Contudo, para o desenvolvimento deste segundo módulo de estágio, optei por eleger, como intervenção a ser relatada, a atuação junto à equipe de MSE, no sentido de contribuir com o olhar da psicologia no desenvolvimento das atividades, uma vez que a equipe anteriormente era composta por uma assistente social e dois educadores sociais e, atualmente, compõe-se por uma assistente social, uma educadora social e uma estagiária de psicologia. Dessa forma, este relato tem como foco refletir acerca da contribuição e do lugar da psicologia em um serviço de execução de medidas socioeducativas, desenvolvido pela assistência social, lugar este que por vezes quase parece um não-lugar e por outras tantas, é tão óbvio.
Isso porque se pensarmos o lugar da psicologia, como aquele legitimado pela idéia de clínica psicológica, que domina as representações sociais do psicólogo e é tradicionalmente utilizado para referir os saberes e fazeres “psis” bem delimitados (PAULON, 2004), não o identificaremos dentro deste serviço, ao passo em que seria incoerente supor que em um serviço que atende sujeitos em situação de vulnerabilidade social, violação de direitos e fragilização de vínculos, não houvesse campo de atuação para a psicologia. Assim, apesar de existir certo paradoxo em relação ao trabalho idealizado da psicologia e as possibilidades que se apresentam, o lugar da psicologia parece ser muitas vezes legitimado pela demanda e pelos próprios usuários.
A escolha por este foco de intervenção se deu devido à discussão em relação aos papéis de cada área, que freqüentemente apresenta-se nas reuniões de formação da equipe, que apesar de obter êxito no desenvolvimento de intervenções interdisciplinares, ainda encontra desafios em relação à delimitação destes papéis e da atribuição exclusiva de cada profissional dentro da equipe. Enfatizo que esta não é uma discussão presente somente neste serviço, mas uma abertura do próprio SUAS – Sistema Único de Assistência Social, que apesar de sugerir diretrizes metodológicas para o desenvolvimento do trabalho, não apresenta orientações específicas para cada categoria profissional, possibilitando as discussões acerca do tema.
Assim, o atendimento psicossocial, previsto nas políticas de assistência social, em que o psicólogo se insere como um dos atores, é considerado um instrumento fundamental para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes, tendo como referência básica os princípios de prioridade absoluta, por se tratar de sujeitos de direitos e em condição peculiar de desenvolvimento. Configura-se como um conjunto de atividades e ações psicossocioeducativas, de apoio e especializadas, com caráter disciplinar e interdisciplinar, de cunho terapêutico – e não psicoterapêutico –, com níveis de verticalização e planejamento (início, meio e fim), de acordo com o plano de atendimento desenvolvido pela equipe (Conselho Federal de Psicologia, 2009).
Outra razão pela qual escolhi relatar a respeito da atuação junto à equipe, refere-se ao atual contexto do CREAS durante os primeiros meses deste ano: a substituição dos profissionais contratados temporariamente pelos técnicos efetivos, selecionados por meio de concurso público. Este momento de mudanças implicou em adaptações por parte de toda a equipe, que permaneceu durante um período em número muito reduzido. Tal situação exigiu que fossem agilizados os encaminhamentos para os casos em andamento, a conclusão dos atendimentos que apresentavam essa possibilidade, e, principalmente, a apropriação dos casos que continuariam a ser atendidos no serviço, por outros técnicos. Assim, durante este período, foi necessária uma especial dedicação à organização e levantamento de todos os casos ativos, para que pudesse haver a continuidade dos atendimentos após a troca da equipe. Este movimento contribuiu para uma aproximação ainda maior com as atividades de outras áreas, sobretudo do serviço social.
Porém, não percebo este momento como um distanciamento das atividades do estágio, e sim, como uma aproximação maior com a interdisciplinaridade e com os novos campos de atuação que se apresentam para a psicologia, exigindo, cada vez mais, a intersecção com diferentes áreas do conhecimento e permeabilidade, no sentido de deixar-se atravessar, incorporar novos e diferentes saberes. Este movimento de interação, de atravessar e se deixar atravessar por outros saberes permite que o fazer tome outra dimensão, da interdisciplinaridade para a transdisciplinaridade, abrindo espaço para um pensamento “capaz de circular afetando e sendo afetado por outros saberes” (FIGUEIREDO, 1996). Particularmente, penso que é justamente esse o encanto e o desafio do atendimento psicossocial.
No serviço de MSE todos os casos são acompanhados por toda a equipe. Essa interação possibilita a construção de conhecimentos mais aprofundados sobre o adolescente e a família a ser atendida: seus recursos, sua história, seus vínculos, suas redes sociais de apoio, o contexto sócio-histórico e cultural no qual está inserida, sua relação com o mesmo, etc., para, assim, pensar e desenvolver formas de intervenção capazes de contemplar as diferentes dimensões das demandas que se apresentam.
Embora, não seja tarefa fácil lidar com o que emerge deste “entre olhares”, que passa a se tratar de algo que nos diz dos limites do conhecimento a partir do qual falamos e dá origem a um tipo de fazer “indisciplinado”, conforme colocado por Figueiredo (1996), denominando o conhecimento que transgride os limites da disciplina. “O trabalho, na assistência, não é só o atendimento em si, mas todos os desdobramentos posteriores vindos desta escuta, que se tornam fundamentais para continuidade do atendimento (CRUZ, GUARESCHI & orgs., 2009)”.
Na prática, dentro da assistência social, a diferença entre as atividades desempenhadas pelos psicólogos e o fazer dos assistentes sociais é muito sutil, e chegam a se confundir, no que se refere às tarefas operacionais de cada profissão. Assim, o que os difere são os diferentes olhares pelos quais estão pautados, relacionados às especificidades da formação de cada área. Não se trata de uma possível confusão entre as atividades reservadas a cada área, ainda que dentro dos serviços de assistência social seja difícil delimitá-las, e sim, uma tentativa de pensar as suas limitações e a forma com que podem se complementar. Venho percebendo estes movimentos constantemente durante as intervenções realizadas em equipe.
Figueiredo (1996), afirma que a atividade profissional do psicólogo requer uma incorporação dos saberes psicológicos às suas habilidades práticas de tal forma que o mesmo conhecimento explícito e expresso como teoria só funciona enquanto conhecimento tácito. Ao vivenciar este processo de produção do meu conhecimento tácito, tendo o privilégio de construí-lo na atuação em parceria com diferentes áreas do conhecimento, venho percebendo que o fazer do psicólogo está constantemente impregnado por seu saber. Uma vez que este também é sujeito, constituído historicamente e subjetivado por meio dos conhecimentos científicos que lhe foram apresentados durante o processo de formação. E é assim, também, que me percebo me tornando psicóloga.
A própria escuta, ainda que do mesmo discurso, aponta para diferentes demandas, de acordo com cada área do conhecimento e a articulação dos diferentes olhares é que pode nos dar subsídios para construir um plano de intervenção para o usuário do serviço ou sua família que contemple a compreensão dinâmica das situações, ou seja, possibilita olhar para as situações de desigualdade e vulnerabilidade social, percebendo os modos como são significadas estas experiências pelos sujeitos.
Essa concepção vem ao encontro das diretrizes previstas pelo CFP (2009), para a atuação do psicólogo nas políticas públicas de assistência social, segundo a qual, para o atendimento da complexidade das demandas de promoção do desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes em situação de risco, pressupõe a inserção de práticas de outros campos e o envolvimento de diversos profissionais, de áreas diferentes, promovendo a prática transdisciplinar.
E trazer o olhar da psicologia para o atendimento dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas significa favorecer a compreensão deste sujeito para além do ato infracional cometido, considerando os aspectos subjetivos dos jovens, bem como suas potencialidades para a produção de processos de enfrentamento e rompimento do ciclo de violência e produzindo a diferenciação dos atendimentos.
Dessa forma, cabe aqui ressaltar a compreensão da violência como produto de um sistema complexo, de relações historicamente construídas e multideterminadas, que envolve diferentes realidades de uma sociedade, assentadas em uma cultura, permeadas por valores e representações (AMORIM, 2005). Essa multideterminação implica a necessidade de direcionar o olhar para as diferentes realidades – familiar, social, econômica, política, jurídica – que estão assentadas em uma cultura e organizadas em uma rede dinâmica de produção e reprodução de violência (Conselho Federal de Psicologia, 2009).
Conforme previsto pelo SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (2006), o adolescente deve ser alvo de um conjunto de ações socioeducativas que contribuam para o seu desenvolvimento, tendo como parâmetros norteadores o acesso a direitos e oportunidades de superação de uma situação de exclusão, de ressignificação de valores, bem como o acesso à formação de valores para a participação na vida social. Assim, a atuação do psicólogo contribui para a identificação dos sentidos já existentes e produção de novos, que podem emergir a partir destas ações, que muitas vezes consistem em desdobramentos realizados pelo serviço social ou educação social.
À exemplo disso, cito uma intervenção realizada em relação à confecção de documentos, serviço encaminhado pelo serviço social e que encontra resistências por parte dos adolescentes, que costumam não apresentar a certidão de nascimento, para encaminhamento da Carteira de Identidade e CTPS. Problematizando junto à equipe às questões relativas a esta resistência e ao sentido daqueles documentos para os adolescentes, decidimos realizar uma oficina sobre trabalho formal e informal, informando e discutindo sobre os direitos e deveres dos trabalhadores vinculados à CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas.
Neste momento, identificamos que os jovens desconheciam a diferença entre estas modalidades de trabalho. A maioria deles é oriunda de famílias em que as pessoas trabalham informalmente e os próprios adolescentes desde muito cedo, vem desempenhando atividades informais, na área da construção civil ou em oficinas automotivas. Estes jovens nem mesmo tinham conhecimento acerca da violação de direitos a que são submetidos, quando contratados para trabalhar informalmente. Afinal, conforme coloca Rosa (2005), “o jovem vítima da homogeneidade da pobreza ou do ato infracional não questiona o modo de vida a que está acostumado”.
Neste contexto, encaminhar a documentação para confecção de uma CTPS não lhes fazia sentido algum e muito menos o discurso relacionado à necessidade da escolarização, como pré-requisito para melhores oportunidades de trabalho.
Conforme Czermak (2006), o sentido reside em lugar nenhum, mas se produz quando se processam articulações ou discriminações operadas por alguma coisa que afeta. Assim, vejo a contribuição da psicologia nas medidas socioeducativas, muito mais do que proporcionando acompanhamento psicológico aos adolescentes, mas ajudando a pensar possibilidades e inventar dispositivos que promovam a produção de sentidos ao que se planeja alcançar com o adolescente, deslocando o olhar do sujeito da falta, para o sujeito da potência.
Assim, é preciso construir novas perspectivas de enfrentamento, que, para Coimbra et. al. (2002), incluem: a investigação de agenciamentos desejantes que apontem saídas singulares para a transformação e a construção de dispositivos e estratégias que desnaturalizem o que é da ordem da história e coletivizem o que se traveste de sintoma individual. Este é um movimento que buscamos constantemente com os adolescentes, principalmente quando tratamos assuntos relacionados à violência.
“Em oposição às subjetividades que uniformizam e assujeitam, sabemos que o desejo pode ser revolucionário. Nesse sentido, nossa questão não é se o desejo é o desejo da falta, mas o que devemos ao desejo.” (Coimbra e outros, 2002, apud Paulon, 2004).
Talvez, nesta perspectiva seja possível até mesmo inferir a existência de uma possível clínica dentro da assistência social, não como àquela que idealizamos durante o processo de formação, mas uma clínica que busca remexer as formas de estar no mundo, fazendo-as sempre potencializadoras de vida e produtoras de saúde. Esta concepção de clínica, conforme coloca Paulon (2004), não cabe em só um campo disciplinar e não pode ficar circunscrita a um só saber, muito menos ser compreendida na lógica patologizante de um klinicos[1]. Trata-se de uma clínica que possui um caráter desviante, por arriscar-se mais nos limites que fazem borrar as fronteiras disciplinares.
Se pensarmos a situação dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa como ponto de viragem, conceito denominado por Nietzsche[2], para referir uma posição depreciadora da vida e uma vontade de poder expandi-la, podemos pensar que temos como ferramenta de trabalho um importante dispositivo.
Afinal, este adolescente que é encaminhado para cumprimento de medida socioeducativa, muitas vezes vem de uma trajetória de violação de direitos e uma inserção em um cenário de violência, onde ora atua como autor, ora atua como vítima (KULKA, 2007), que acaba por levá-lo à “condenação” pelo delito cometido, colocando-o em uma posição de “não-potente”. Porém, conforme coloca Paulon (2004), problematizada a experiência como potencia transformadora, a dolorosa experiência da queda pode oferecer a alavanca para não se deixar cair no mesmo lugar, o que requer uma dobra das forças reativas, convertendo o negativo em poder de afirmar.
Talvez o período de cumprimento da medida socioeducativa seja a única oportunidade que se tenha de realizar algum tipo de intervenção com este adolescente. Assim, coloca-se a necessidade do desenvolvimento de dispositivos capazes de atuar na produção de desejos que apontem para novas e possíveis formas de estar no mundo, ou seja, saídas potencializadoras de vida.
Venho percebendo minha atuação na equipe das MSE através do um movimento de “singularização” dos atendimentos, que está se constituindo aos poucos neste serviço. Através da discussão dos casos e a interface entre os diferentes olhares, estamos conseguindo planejar atendimentos mais direcionados às necessidades de cada adolescente, construindo formas de intervenção que consideram a singularidade dos usuários, sem deixar de compreender o contexto em que vivem. Essa articulação tem sido possível através de uma prática que ora apresenta-se como inter, ora como transdisciplinar e que amplia o olhar sobre as situações de miséria e vulnerabilidade social para um movimento de criação de novas possibilidades capazes de desencaminhar àquelas anteriormente encontradas, inventar desvios possíveis.
Acredito que este processo aponta para o caminho do desenvolvimento de novas formas intervenções com os adolescentes, no sentido de produzir reflexões acerca do ato infracional cometido, bem como sua ressignificação e possibilidades de enfrentamento e superação. No entanto, este processo ainda constitui-se como um grande desafio para todas as áreas envolvidas. E, acredito que, sobretudo para a psicologia, devido aos questionamentos que emergem acerca de pressupostos científicos, metodológicos, éticos e, até mesmo narcísicos, tão internalizados desde o início da formação.
Senra (2009) coloca que a construção do lugar do psicólogo na política de assistência social perpassa pela compreensão deste profissional enquanto sujeito de sua prática e, que, para tanto se torna fundamental um processo de fortalecimento, capaz de uma ruptura com o fatalismo e a impotência que atinge os profissionais. E que para o desenvolvimento de uma atuação comprometida com a transformação social é imprescindível um posicionamento político, que amplie a atuação para além do cumprimento de tarefas, no sentido de uma maior participação nos diversos espaços de reflexão quanto à prática profissional.
Pensar em uma possível clínica da assistência social é pensar uma clínica capaz de produzir saúde, porém, sem operar na doença (aqui no sentido patológico), uma clínica que transcende os limites de settings terapêuticos clássicos, pois, muitas vezes a intervenção se dá em diferentes lugares ou de diferentes formas, como uma conversa informal antes do início das oficinas que serve para a construção de um vínculo ou uma visita domiciliar que acaba se constituindo como única forma de atendimento de uma família que não tem como pagar o transporte até o serviço e conceber a idéia de uma clínica onde o saber hegemônico não é o da psicologia. Mas, uma clínica potente, capaz de deslocar o sujeito do lugar de desvalia e marginalização a que é colocado e que encobre sua posição desejante, para o lugar de sujeito do desejo, capaz que questionar-se acerca do que lhe é naturalizado e demandar novas possibilidades de vir a ser.
REFERÊNCIAS:
AMORIM, S. M. F. (2002) Loucura, política e ética: a formação do psicólogo em questão. In: Loucura, ética e política: escritos militantes. 1ª ed. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo, v. 1, p. 196-206.
BRASIL. (2006). Sistema Nacional de Atendimento Sócio-educativo (SINASE). Secretaria Especial de Direitos Humanos. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Brasília, DF.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA – CFP (2009). Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo. Brasília, DF.
CRUZ, L. R., GUARESCHI, N. & orgs. (2009). Políticas Públicas e Assistência Social. Diálogos com as Práticas Psicológicas. Rio de Janeiro: Ed. Vozes.
CZERMAK, R. Corpo-sentido: a emergência do novo como questão epistemológica e terapêutica. Não publicado.
FIGUEIREDO, L. C. (1996): Revisitando as psicologias: Da epistemologia à ética das práticas e discursos psicológicos. São Paulo. EDUC.
KULKA, T. (2007): O adolescente em cumprimento de medida socieducativa: liberdade assistida. Série técnica. Curitiba. Caderno de Psicologia Jurídica.
PAULON, S. M. (2004): Clínica ampliada: Que(m) demanda ampliações. In: Corpo, arte e clínica. Porto Alegre. UFRGS.
ROSA, S. B. (2005): Direitos humanos do adolescente em conflito com a lei: O discurso da psicologia na execução de medida sócio-educativa em regime de semiliberdade. Trabalho de conclusão apresentado ao Núcleo de Pós-graduação da Faculdade de Ciências Sociais de Florianópolis. Não publicado. Passo Fundo, RS.
SENRA, C. M. G. (2009): Psicólogos sociais em uma instituição pública de assistência social: analisando estratégias de enfrentamento. Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Psicologia. PUC, Campinas.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
PROJETO ECONOMIA SOLIDÁRIA NA PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA
TERRITÓRIO DE PAZ VICENTINA
O Projeto visa a construção de uma política pública que constitua a Economia Solidária como uma das estratégias alternativas de prevenção a violência e à inserção social.
Com este objetivo, as ações estão voltadas a fomentar processos comunitários de prevenção à violência através da Economia Solidária e do desenvolvimento local, na construção de alternativas sustentadas na participação comunitária, na construção de novos valores e de pactos de convivência, na resolução de conflitos por meio não violentos, no oferecimento de oportunidades orientadas pela autogestão e auto-organização.
Participe das oficinas do projeto que serão
realizadas nos dias 24/09 e 01/10.
DIA 24/09 – SÁBADO Oficina 1 – Prevenção a Violência 09:30 h às 12:00 h Almoço comunitário Oficina 2 – Como funciona a sociedade 13:30 h às 16:00 h LOCAL: INSTITUTO LENON JOEL DA PAZ – RUA ALFREDO GERHARDT, 788 – BAIRRO SÃO MIGUEL | DIA 01/10 – SÁBADO Oficina 3 – Direitos Humanos e Cidadania 09:30 h às 12:00 h Almoço comunitário Oficina 4 – Economia Solidária e Desenvolvimento Local 13:30 h às 16:00 h LOCAL: INSTITUTO LENON JOEL DA PAZ – RUA ALFREDO GERHARDT, 788 – BAIRRO SÃO MIGUEL |
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Dia Internacional da Paz
terça-feira, 13 de setembro de 2011
O Trabalho Interdisciplinar nas Equipes de Referência: Medidas Socioeducativas
- Uma experiência em meio aberto -
Nos debruçamos, a partir do que foi discutido no terceiro seminário do CREAS/SL no dia 22 de julho de 2011, para (des)construir o trabalho interdisciplinar nas equipes de referências.
Com o objetivo de estar dialogando apartir da troca de experiências de outros sujeitos acerca da interdisciplinaridade, pudemos perceber que esta se dá sob dois aspectos:
Do ponto de vista institucional, onde a equipe pré existe, e está instituída. São as equipes profissionais ou multi-profissionais que trabalham juntas, tem sua carga-horária determinada, e ao término do seu horário, a equipe se desfaz e as pessoas irão cumprir outras atividades fora do trabalho, voltando a se encontrar novamente no dia seguinte. Quando estamos trabalhando em rede, as equipes terão que dialogar com outras equipes de outra política pública.
E existe uma outra forma de perceber o trabalho interdisciplinar, onde a equipe, se reune para trabalhar em um determinado “tema”, seja com a família, ou com o adolescente e após o término do atendimento, a equipe se diluirá. Não é uma equipe instituída, mas uma equipe que se formou a partir de um determinado assunto. Podemos citar como exemplo, as discussões de caso com a rede de atendimento e famílias, onde poderemos construir algo juntos e após essa construção, a equipe se dissolverá. É importante destacar, que não se trata de convencer ninguém do que é certo ou errado, mas sim, da possibilidade de se construir algo.
Trabalhamos com pessoas e saberes diferenciados, onde todas as ações estarão atravessadas por um viés interdisciplinar e muitas vezes transdisciplinar. É importante um trabalho horizontal, que se desenvolva em uma perspectiva de mundo e sociedade que pode ser transformado, para que aconteça o vínculo com as famílias e com os jovens.
Os saberes, não estão prontos, o técnico não tem a verdade absoluta. Aprendemos muito com as famílias e com os adolescentes, é uma troca muito rica de saberes. É importante trabalharmos na lógica da cidadania, onde os adolescentes possam desenvolver e assumir um outro caminho possível.
O trabalho em rede é fundamental. A intersetorialidade é necessária. Os programas e projetos precisam estarem conectados com as redes sociais. Precisamos abrir espaços para as reflexões, sensibilizar as comunidades a cerca da visibilidade do adolescente. O pré conceito é muito forte, e é o grande estigma no que diz respeito a invisibilidade do jovem. O adolescente é colocado como sendo o responsável por seus atos, justificando portanto, a violência contra ele mesmo, dando respaldo para este jovem tornar-se “visível” de forma negativa, fazendo com que retorne a criminalidade. É preciso desmistificar e sensibilizar as comunidades para que entendam e aceitem os adolescentes como sua responsabilidade . Este, é um compromisso que deve ser assumido!
Pablo Potrich Corazza (psicólogo e educador) nos trouxe a experiência de seu trabalho no Paraná. Para ele, existem uma gama de fatores que influenciam no trabalho interdisciplinar, e auxiliaram na construção da metodologia de trabalho desenvolvido pelo CREAS de Piraquara. São elas:
A complexibilidade de se entender que as coisas não são “causa e efeito”, não são lineares, e essa complexidade irá influenciar no atendimento. Não podemos ser deterministas.A partir do momento em que olhamos de forma linear, não avançamos e acabamos retrocedendo;
A intersubjetividade, onde a realidade é construída a partir das nossas vivências, das nossas conversas;
A imprevisibilidade, pois não temos como prever o futuro.
O mito da periculosidade onde os jovens pobres são perigosos. Tem mais a ver com a história da construção da sociedade brasileira, da divisão de classes;
O mito da justiça, ressaltando sobre a idoneidade do Sistema de Garantia de Direitos que irá trazer responsabilidade ao adolescente;
O mito do Controle a docilidade, onde o Estado terá mais controle sobre a vida das pessoas e através dos Serviços e seus profissionais, tornarão esses jovens que desviam das normas, mais dóceis, e capazes de produzirem melhor.
Conceitos como estes, ajudaram na construção da metodologia de trabalho do CREAS, ao qual ele coordenava. Este trabalho era horizontal, plural, onde os adolescentes muitas vezes participavam das reuniões de equipes, as oficinas eram abertas, e outros adolescentes de medidas protetivas ou de escolas também participavam como voluntários, rompendo com uma lógica onde o adolescente que infracionou ficará isolado da sociedade, cumprindo a medida socioeducativa.
Nos relatórios assinavam: o técnico, o educador, o adolescente e um membro da família, pois entendia-se que estes eram os sujeitos envolvidos e todos deveriam assinar. Foi acordado com o Juiz e com o Ministério Público que seria dessa forma. Não tem como efetivar um trabalho socioeducativo, interdisciplinar sem contar com o apoio do judiciário.
Acredito, dentro dessa perspectiva, que o trabalho com as Medidas Socioeducativas precisa ser visto como um Direito e não como um serviço apenas. Onde prática e teoria sejam discutidas nas reuniões e com a participação do adolescente, na formação da equipe, levando os saberes populares para os campos de pesquisa. A medida socioeducativa precisa ser desinstitucionalizada (com maior participação das famílias e adolescentes). É um campo diferenciado e o Serviço precisa fazer essa diferenciação, promovendo o diálogo.
Ivania Rossato – Educadora Social – CREAS/SL
6º ENCONTRO DO FÓRUM ESTADUAL DOS TRABALHADORES DO SUAS
6º ENCONTRO DO FÓRUM ESTADUAL DOS TRABALHADORES DO SUAS
SÁBADO - 17 de setembro DE 2011
DAS 9h ÀS 12h
LOCAL: a confirmar
contexto, reflexões e proposições que devem ser afirmadas na
VIII Conferência Estadual de Assistência Social
Relato das Conferências Municipais
Avaliação dos processos e suas produções
Definição de temáticas coletivas
Afinar a articulação dos trabalhadores
Combinados que garantirão nossa articulação - trabalhadores SUAS - ser reconhecida e respeitada enquanto um dos atores do processo de implantação do SUAS
Grande abraço ! Esperamos cada um@ no sábado!!
Articuladores RS
Silvia Giugliani - CEAS RS Elisabete Ramos - CMAS POA Leila Thomassin - FOMTAS POA
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
sábado, 10 de setembro de 2011
IX Conferência Estadual de Assistência Social acontece nos dias 27, 28 e 29 de setembro
A conferência estadual acontecerá na PUC/RS. Nosso colega, o educador social Rodrigo Carvalho, sera delegado.
Confira a programação: * 27/09/2011 – Terça-feira
14h – Credenciamento
17h – Regimento Interno
18h – Apresentação Cultural
18h30 – Abertura: CEAS, STDS, Assembléia Legislativa, Governador, CNAS, MDS, Famurs, Fetas e Representante dos Usuários.
* 28/09/2011 – Quarta-feira
08h30min – Painel: Consolidar o SUAS e valorizar seus trabalhadores (com abordagem dos quatro eixos temáticos da Conferência) – CEAS – Presidente Edilar Cruz, STDS – Secretário Luis Augusto Lara, CNAS – Conselheira Eutália Barbosa. Mediadora – a Confirmar. Facilitadora – Conselheira do CEAS
10h - Intervalo
10h15min – Debate
12h – Intervalo para almoço
13h30min - Trabalho em Grupos (subtemas 1 e 2) – Coordenadores Conselheiros do CEAS e Técnicas do DAS
15h – Intervalo
15h15min - Trabalho em Grupos (subtemas 3 e 4) – Coordenadores Conselheiros do CEAS e Técnicas do DAS
17h – Entrega da síntese dos Grupos
17h15min – Eleição dos Delegados para Conferência Nacional
18h – Encerramento
* 29/09/2011 – Quinta-feira
09h – Plenária final
13h – Homologação dos Delegados para Conferência Nacional
13:30 - Encerramento
A Pedagogia Social no diálogo Educação Popular-Educação Social
Apresentação
A Sociedade Ibero-americana de Pedagogia Social - SIPS, em parceria com a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), apresenta a terceira edição do Congresso Ibero-americano de Pedagogia Social, cujos debates e socialização de fazeres e saberes terão lugar nos dias 19, 20 e 21 de outubro de 2011, no campus Canoas da Universidade, no Rio Grande do Sul, Brasil.
Sob o tema “A Pedagogia Social no diálogo Educação Popular-Educação Social”, o III Congresso e XXIV Seminário Interuniversitário de Pedagogia Social contará com contribuições nos âmbitos acadêmicos, comunitários, culturais e políticos, cujos fazeres constitui manifestos populares voltados para a educação pela cidadania, direitos humanos, luta contra pobreza e exclusão social, formação de redes sociais e investigações no campo em estudo, que representam os eixos do presente evento.
Somam-se, a sua programação, estudiosos e práticos da Pedagogia Social, Educação Social e Educação Popular do Brasil, Espanha, Uruguai, Argentina, Chile e demais países, que com seus olhares contribuem para a transformação social, qualificando a cidadania planetária, cujas participações vêm se consolidando desde as edições anteriores.
Estruturado em torno de conferências, mesas-redondas, mesas-temáticas, minicursos, comunicações orais e sessão de pôsteres, o III Congresso e XXIV Seminário Interuniversitário convidam todos os interessados em conhecer e socializar seus saberes e fazeres a somarem-se à Programação Científica com suas propostas de trabalho.
Idiomas oficiais: português e espanhol
Público-alvo
Educadores, assistentes sociais e trabalhadores sociais, mestres, pedagogos e psicopedagogos, cientistas sociais, acadêmicos, responsáveis políticos/gestores e profissionais das Administrações pública e privada, membros do terceiro setor (ONGs, OSCIPs, Cooperativas, Movimentos Sociais, Associações Comunitárias, Sindicatos, Fundações) e público em geral.
Objetivos
- Contribuir aos desenvolvimento da Pedagogia Social nos campos acadêmico, político e comunitário, socializando práticas e investigações que fundamentam os processos educativos sociais e populares, com especial ênfase no contexto ibero-americano.
- Oportunizar o debate e o compartilhamento de ideias, bem como propostas e projetos de educação social e educação popular no âmbito Ibero-americano.
- Consolidar e, no seu caso, gerar novas dinâmicas de relacionamento e intercambio científico, acadêmico e profissional entre diferentes coletivos e instituições, possibilitando a construção compartida dos marcos teóricos e práticos que tenham como suporte a Pedagogia Social, a Educação Social e a Educação Popular, nos seus contributos a uma sociedade local-global mais justa e coesa.
Eixos temáticos
1. Educar para a Cidadania e Direitos Humanos na sociedade global local:
- A Cidadania e os Direitos Humanos no fazer da Educação Popular e Educação Social;
- Os movimentos sociais e cívicos no desenvolvimento da Educação Popular e Educação Social;
- A Pedagogia Social no diálogo cultural: contribuições à convivência e qualidade democrática num contexto de globalização;
- A política educativa e social como garantia dos Direitos Humanos: realidades e compromissos de futuro.
2. Educação Popular e Social na luta contra a pobreza e a exclusão social:
- A pobreza e a exclusão social nas sociedades do terceiro milênio: problemáticas específicas no eixo socioeducativo;
- O papel da educação na luta contra a pobreza e a exclusão social: dos objetivos aos resultados nos Programas Nacionais e Internacionais;
- A Educação Popular e a Educação Social como estratégias para o empoderamento de coletivos específicos;
- A coesão e a inclusão social na ação socioeducativa e comunitaria local.
3. As Redes Sociais como cenário pedagógico-social:
- As redes sociais na comunicação e a cooperação local global desde a perspectiva educativa, cultural e social;
- Educar e educar-se socialmente em rede: novas formas para a socialização e ação socioeducativa;
- Possibilidades e limitações da Pedagogia Social na construção de comunidades educativas em rede;
- A Educação Popular e a Educação Social em Rede: experiências e alternativas para “outra” globalização;
4. A Pedagogia Social como referência científica e acadêmica no diálogo “Educação Popular–Educação Social”:
- Do conhecimento a ação: O que pode aportar a Pedagogia Social à Educação Popular?
- Da ação ao conhecimento: O que pode aportar a Educação Popular à Pedagogia Social?
5. A Pedagogia Social na construção da acessibilidade universal: possibilidades educativas de articulação em diferentes tempos e espaços.
- O direito a uma acessibilidade universal ao longo de toda a vida: Os contributos teórico-práticos da Pedagogia Social.
- A acessibilidade nas realidades da vida cotidiana: possibilidades e limites da educação em diferentes contextos e realidades.
Áreas de trabalho
- Experiências e projetos educativos e sociais.
- Estudos e investigações de orientação básica e/ou aplicada.
- Reflexões e aportes de natureza teórica, programática ou prospectiva.